O salário mínimo no Brasil iniciou 2025 com o valor de R$ 1.518, representando um aumento de R$ 106 em relação ao ano anterior. Embora positivo, o reajuste ficou abaixo da previsão inicial de R$ 1.528, contemplando 4,84% para cobrir a inflação e 2,5% de ganho real. A medida, que segue as diretrizes do novo arcabouço fiscal, impacta diretamente a vida de cerca de 59 milhões de brasileiros, mas apresenta limites mais rígidos em comparação ao modelo anterior.
Esse reajuste trará reflexos em diversos setores. Benefícios como aposentadorias, seguro-desemprego e abono salarial já foram ajustados com base no novo piso salarial, assim como a renda mínima para inclusão no Cadastro Único (CadÚnico), que agora é de R$ 759. O Benefício de Prestação Continuada (BPC) também adotará esse critério. Já para os microempreendedores individuais (MEIs), o valor de contribuição ao INSS passou a ser de R$ 75,90, refletindo o novo piso.
De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o reajuste seguindo o arcabouço fiscal resultou em um aumento inferior ao do modelo anterior, que considerava a inflação somada a 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB). A mudança pode impactar o poder de compra dos trabalhadores, especialmente em um cenário de recuperação econômica desigual.
Para o economista Aroldo Rodrigues, o reajuste é um reflexo das dificuldades enfrentadas pelo governo no âmbito fiscal. “Embora o aumento do salário mínimo injete recursos na economia e impulsione setores como consumo e serviços, ele também representa uma pressão significativa sobre as contas públicas”, explica. Rodrigues critica ainda o impacto de medidas como a ampliação de ministérios e o aumento no número de servidores, que, segundo ele, agravam o cenário orçamentário sem benefícios diretos para a população.
Apesar dessas críticas, o economista reconhece os efeitos positivos do aumento no curto prazo, especialmente para o consumo. “Embora limitado, o reajuste é essencial para as famílias, ainda mais em um contexto de alta nos preços de produtos essenciais”, conclui.
Perspectivas da população
Sem diferença significativa
Para Simone Cristina Moreira, bancária aposentada, o aumento de R$ 106 não trouxe mudanças relevantes em seu orçamento familiar. “Diante dos preços altos de itens essenciais como combustível, transporte e alimentação, esse aumento é quase imperceptível. Não faz diferença nenhuma”, declarou.
Simone destacou que continuará mantendo o controle financeiro e evitando gastos desnecessários, já que o reajuste não acompanha o custo de vida. “O salário deveria, ao menos, acompanhar os índices de inflação, pois qualquer cálculo abaixo disso não resolve o problema do cidadão”, criticou.
Impacto limitado no cotidiano
André Ricardo Alves Martins, inspetor estadual, reconhece que qualquer aumento é positivo, mas considera o reajuste insuficiente para lidar com os preços elevados. “A perspectiva de vida deve ser sempre otimista, mas o aumento é muito inferior ao que enfrentamos nos supermercados. O preço dos produtos básicos supera facilmente esse reajuste”, afirmou.
Embora não tenha conhecimento detalhado sobre o arcabouço fiscal, André acredita que os cálculos utilizados não refletem as dificuldades reais dos trabalhadores. “O aumento de R$ 106 não atende às necessidades básicas. No fim, o que importa para nós é que o valor continua insuficiente para enfrentar o dia a dia”, concluiu, citando o exemplo do preço elevado do café.