Na próxima quarta (6) e quinta-feira (7), Montes Claros sediará o II Fórum de Discussão e Enfrentamento do Câncer de Cabeça e Pescoço em Minas Gerais. O evento tem como objetivo melhorar o atendimento aos pacientes e debater os desafios enfrentados na região. Organizado pela Ação Solidária às Pessoas com Câncer (ASPEC) em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, o fórum reunirá gestores de 46 municípios e profissionais da saúde.
De acordo com dados da Coordenadoria de Redes de Atenção à Saúde da Secretaria Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros, o Norte de Minas registrou 9,11% dos casos de câncer notificados no estado entre 2019 e o primeiro semestre deste ano, totalizando 1.195 casos. Os diagnósticos confirmados na região estão distribuídos da seguinte forma: Montes Claros (362), Janaúba/Monte Azul (168), Brasília de Minas (128), Taiobeiras (101), Pirapora (83), São Francisco (69), Januária (67), Coração de Jesus (51), Bocaiuva (46), Salinas (45), Francisco Sá (44) e Manga (31).
O fórum abordará soluções para ampliar o diagnóstico precoce e facilitar o acesso ao tratamento, além de ressaltar a importância de melhorias no Sistema Único de Saúde (SUS). O presidente da ASPEC, Marcelo Luiz Pedroso, enfatiza que a meta é garantir que os avanços do sistema privado também beneficiem os pacientes do SUS, evitando diagnósticos tardios que dificultam o tratamento. Ele destaca a necessidade de colaboração entre diferentes setores para promover um atendimento digno e eficiente.
“É crucial que todos os setores — terceiro setor, municípios, governo estadual e federal — estejam unidos com o mesmo objetivo: colocar o paciente no centro do cuidado”, afirma Pedroso. Segundo ele, esse alinhamento é fundamental para avançar nas políticas públicas e aprimorar o SUS, garantindo um atendimento digno, humanizado e eficaz.
Cristina Durães, especialista em prótese bucomaxilofacial, propõe a criação de um serviço de reabilitação oncológica no SUS em Montes Claros, com foco no atendimento a pacientes com mutilações faciais. Ela ressalta a urgência dessa iniciativa para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e reduzir custos com deslocamentos.
“Uma das propostas do evento será sugerir a criação de um ponto de referência para atendimento de reabilitação oncológica na cidade, que contemple próteses de orelha, olho, palato e outras necessárias para reconstruir regiões afetadas pela doença. A reabilitação é essencial para que esses pacientes possam retomar suas vidas, conviver com suas famílias e até voltar ao trabalho. Criar esse serviço aqui pode diminuir o sofrimento dos pacientes e gerar economia para o SUS, que atualmente arca com despesas de deslocamento e hospedagem em outras cidades”, explica.
Jaqueline Silva Santos, coordenadora estadual de saúde bucal e ações integradas da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, apresentou os planos do governo para investir em novas unidades de alta complexidade em oncologia no norte do estado e melhorar a estrutura dos hospitais. “O foco da equipe de saúde é a prevenção do câncer, especialmente do lábio e da cavidade bucal, por meio de campanhas de conscientização, promoção de hábitos saudáveis e diagnósticos precoces”, disse.
Ela também informou que, recentemente, uma deliberação destinou R$ 500 mil aos municípios para apoiar a realização de exames anatomopatológicos e citopatológicos. “Além disso, estamos preparando uma nova deliberação para garantir recursos para biópsias, facilitando a contratação de laboratórios universitários”, completou.
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