PUBLICIDADE

Inflação desacelera em Montes Claros, mas impacto no bolso da população ainda preocupa

02

Inflação em Montes Claros: desacelera em dezembro, mas alta anual preocupa

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de Montes Claros registrou desaceleração em dezembro, fechando em 0,54%, quase metade dos 1,10% de novembro. O levantamento realizado pelo Departamento de Economia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) atribui essa queda à estabilização nos preços dos alimentos, especialmente proteínas como carne bovina, suína e aves, que haviam alcançado altos valores no mês anterior.

Segundo a economista Vânia Vilas Bôas, o grupo de alimentos segue como o principal responsável pela inflação, embora a variação tenha sido menor em dezembro. No entanto, a inflação acumulada em 12 meses chegou a 7,48%, bem acima da média nacional de 4,5% em 2024.

Fatores que impulsionaram a alta

De acordo com Vânia, a seca intensa em regiões produtoras, enchentes no Rio Grande do Sul e queimadas contribuíram para a elevação dos preços de alimentos ao longo do ano. “A falta de pasto levou pecuaristas ao confinamento, uma prática mais cara, o que impactou os preços”, explicou.

As festas de final de ano também elevaram a demanda por proteínas animais, enquanto a oferta foi reduzida devido à menor quantidade de abates e ao aumento das exportações, impulsionadas pelo câmbio. “As carnes tiveram um aumento médio de 8%, abrangendo bovinas, suínas, aves e peixes”, destacou.

Outros itens também pressionaram a inflação, como habitação (0,22%), vestuário (0,92%) e saúde (0,39%). Produtos dolarizados, como café (7,47%) e óleo de soja (4,35%), sofreram aumentos significativos devido à valorização da moeda americana e à preferência dos produtores pela exportação.

A energia elétrica, influenciada pelo uso de termelétricas e a aplicação da bandeira vermelha, foi outro fator que pesou no bolso das famílias, assim como os combustíveis.

Perspectivas para 2025

Para os próximos meses, a economista prevê que a inflação continue alta, acompanhando projeções como as do Boletim Focus, que estima um índice de 4,99% para 2025.

O impacto na vida das pessoas

Simone Farias, supervisora de ensino, sentiu o impacto da inflação principalmente nos alimentos. “As carnes subiram muito. Tivemos que reavaliar nossas compras e ajustar o orçamento para as festas de fim de ano”, contou. Ela precisou adaptar sua ceia, substituindo carnes por opções como peixe e ovo.

Simone também relatou mudanças nos hábitos de consumo devido ao aumento dos combustíveis. “Agora, tudo precisa ser mais bem calculado. Estamos controlando mais”, explicou.

Ao comparar preços entre supermercados, Simone encontrou grandes diferenças. “Pensei que tinha algum erro no caixa, mas ao conferir percebi que um supermercado era muito mais barato que o outro”, destacou, reforçando a importância de pesquisar antes de comprar.

Apesar do alívio temporário com o décimo terceiro salário, ela está mais atenta aos gastos para enfrentar o início do ano. “Meu objetivo agora é controlar melhor as despesas”, concluiu.