Montes Claros fechou 2024 com uma inflação de 1,10% em dezembro, a mais alta do ano, segundo o Setor de Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do Departamento de Ciências Econômicas da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). O índice supera os 0,49% registrados em outubro, enquanto a inflação acumulada no ano alcançou 6,90%, ultrapassando a meta de 4,5% estipulada pelo Banco Central. Nos últimos 12 meses, o índice atingiu 7,63%.
O Grupo Alimentação, responsável por 29,47% do orçamento doméstico, foi o principal impulsionador do aumento, registrando variação positiva de 3,33% em novembro e contribuindo com 0,98% do índice final. “A inflação acumulada em 2024 superou a meta do Banco Central. Dos sete grupos que compõem o IPC, a alimentação foi a maior responsável pelo resultado”, explicou Vânia Vilas Boas, economista e coordenadora do IPC da Unimontes.
Impactos no custo dos alimentos
A elevação no preço da carne foi destaque, influenciada por fatores climáticos e econômicos. “As secas e incêndios reduziram áreas de pastagem e a produção de insumos, como a soja, o que impactou diretamente os custos da pecuária. A valorização do dólar também contribuiu, favorecendo exportações e reduzindo a oferta interna”, detalhou a economista. Entre janeiro e outubro, as exportações de carne cresceram 30%, intensificando a pressão nos preços.
Produtos básicos como café, óleo de soja e açúcar também registraram aumentos significativos, penalizando principalmente famílias de baixa renda. Embora promoções de Black Friday tenham reduzido os preços de itens como vestuário e eletrodomésticos, essas quedas foram insuficientes para conter o impacto da alta nos alimentos.
A escassez de chuvas no Norte de Minas agravou a situação, afetando produtos essenciais como leite, carne e hortifrutigranjeiros. “Os alimentos devem continuar com preços elevados, ampliando as dificuldades das famílias mais vulneráveis”, completou Vilas Boas.
O peso no dia a dia
Hilda Sampaio, dona de casa, descreveu o desafio de lidar com o aumento contínuo nos preços: “Todo mês está mais difícil. Itens básicos como arroz, feijão, carne e leite estão pesando muito no bolso. A gente corta o que pode, mas parece que o dinheiro nunca é suficiente.”
Sobre o IPC de Montes Claros
Calculado desde 1982, o IPC reflete o custo de vida de famílias com renda entre um e seis salários mínimos. A metodologia é baseada na Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) e coleta preços de bens e serviços essenciais em 400 estabelecimentos comerciais da cidade. A pesquisa é conduzida por uma equipe de seis estudantes de economia da Unimontes, que monitoram as variações de preços a partir do primeiro dia útil de cada mês.