Inflação em Montes Claros sobe para 0,29% em setembro de 2024, impulsionada pela seca e queimadas
A pesquisa de variação de preços realizada pelo Setor de Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Unimontes apontou uma inflação de 0,29% em setembro de 2024, levemente superior aos 0,27% registrados em agosto. Com esse resultado, o acumulado do ano em Montes Claros atinge 5,06%, refletindo os efeitos da seca e das queimadas que afetam várias regiões do país. A pesquisa também revelou que a cesta básica na cidade acumulou uma alta de 1,85% no ano e 2,65% nos últimos doze meses.
De acordo com a economista Vânia Vilas Bôas, a seca histórica e as queimadas estão pressionando a inflação, especialmente durante o período de entressafra, quando os preços dos produtos tendem a subir. “Entre os itens que já começam a apresentar alta estão o óleo de soja (4,75%), o café (6,11%) e o feijão (1,82%), produtos essenciais afetados pela redução da oferta devido ao clima severo”, explicou Vânia.
Ela também destacou o impacto da mudança para a bandeira tarifária vermelha na energia elétrica, que tem elevado os custos em setores como agricultura, indústria e serviços, agravando ainda mais o cenário inflacionário. Produtos básicos como leite, carne bovina, café e açúcar também estão sendo afetados, com previsões de aumentos ainda mais acentuados nos próximos meses.
Impacto no dia a dia
Para a aposentada Cleusa Torquato dos Santos, o aumento significativo no preço de frutas, alho, batata, cebola e carnes, especialmente o peixe, tem gerado grande preocupação com os gastos mensais, sobretudo com alimentação, gás e luz. “Já deixo de comprar algumas coisas e procuro as opções mais baratas. O sabão Omo, que era muito procurado, agora eu não compro mais, e a compra de alimentos está cada vez mais difícil”, afirmou Cleusa.
Ela também notou uma queda na qualidade dos produtos. “O arroz, o feijão e o açúcar não são mais os mesmos. A gente faz uma compra e quando vê, já gastou quase R$ 1.000, e o salário mínimo é muito baixo. Tenho que optar por marcas mais baratas, o que afeta a qualidade. Além disso, é preciso lidar com despesas de saúde, como medicamentos e cirurgias, para evitar passar necessidades”, explica.
O neurocirurgião Antônio Carlos de Albuquerque Moreira acredita que o Brasil tem enfrentado, nos últimos anos, um aumento progressivo no custo de vida, agravado por políticas governamentais que reajustam salários sem um controle adequado da inflação. Segundo ele, isso cria uma falsa sensação de melhoria financeira, pois os aumentos salariais não acompanham o crescimento desproporcional dos preços de bens e serviços. “Os preços dos alimentos, produtos de limpeza e energia estão subindo de forma abusiva. É necessário buscar um equilíbrio entre os lucros da indústria e do agronegócio e a proteção dos consumidores, garantindo justiça e equidade para todos”, concluiu o neurocirurgião.
Redação Site