Operação da PF em Campinas resulta na prisão de 14 pessoas por movimentação de R$ 7,5 bilhões em fraudes financeiras
A Polícia Federal (PF) de Campinas (SP) prendeu 14 pessoas na manhã desta quarta-feira (28) em uma operação contra uma quadrilha que movimentou R$ 7,5 bilhões por meio de crimes financeiros e lavagem de dinheiro.
De acordo com as investigações, o grupo criou dois bancos digitais não autorizados pelo Banco Central (Bacen) para realizar fraudes financeiras (detalhes do esquema abaixo).
Os bancos digitais envolvidos, identificados como Inovepay e T10 Bank, operavam como “fintechs” e são suspeitos de facilitar transações ilícitas. Entre os presos está o presidente da Inovepay, Patrick Burnett. No total, foram cumpridos sete mandados de prisão preventiva, sete de prisão temporária e 60 de busca e apreensão, todos expedidos pela 9ª Vara Federal de Campinas. Os mandados foram executados em 15 cidades dos estados de São Paulo e Minas Gerais.
Das 14 prisões, 13 ocorreram em Campinas, enquanto as demais foram realizadas em São Paulo, Ilhabela, Sorocaba e Americana. Todas as prisões aconteceram nas residências dos investigados, e as apreensões ocorreram em diversos locais, incluindo lojas de veículos.
Além das prisões, a PF solicitou o bloqueio de R$ 850 milhões em contas vinculadas à organização criminosa. As cidades alvo dos mandados incluem:
- Campinas
- Americana
- Valinhos
- Paulínia
- Jundiaí
- Sorocaba
- Votorantim
- Embu-Guaçu
- Santana do Parnaíba
- Osasco
- São Caetano do Sul
- São Paulo
- Barueri
- Ilhabela
- Belo Horizonte (MG)
A Justiça também ordenou a suspensão das atividades de 194 empresas utilizadas pela quadrilha para mascarar as transações ilegais. Além disso, duas inscrições da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) foram canceladas, uma em Campinas e outra em Sorocaba, assim como quatro registros de contadores (dois em Campinas, um em São Paulo e um em Osasco).
Todo o material apreendido, incluindo malotes de dinheiro, foi encaminhado à sede da PF em Campinas. A operação envolveu 200 policiais federais. Entre os alvos de busca e apreensão estavam as sedes dos bancos digitais irregulares e instituições administradoras de cartões de crédito. A Receita Federal também aplicou sanções fiscais às empresas investigadas.
O Esquema
Conforme apuração da PF, os bancos digitais (fintechs) mantinham contas em bancos tradicionais e ofereciam, por meio da internet, contas clandestinas que permitiam transações “invisíveis” ao sistema bancário oficial. O esquema era particularmente atraente para pessoas que buscavam evitar ordens de bloqueio, penhora e rastreamento.
A fintech realizava transferências entre seus clientes sem qualquer conexão real entre remetentes e destinatários, e sem vínculo entre os correntistas e os bancos onde as contas estavam hospedadas. Essas transações eram utilizadas por facções criminosas, bem como por empresas com dívidas trabalhistas e tributárias. Segundo a PF, a movimentação de R$ 7,5 bilhões proporcionava aos envolvidos um “padrão de vida luxuoso”.
A investigação foi impulsionada por denúncias da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) ao Ministério Público Federal (MPF). Além de contas em bancos tradicionais, o grupo usava máquinas de cartão de crédito em nome de empresas de fachada, caracterizando lavagem de dinheiro.
A PF informou que identificou todos os envolvidos no esquema, seja no suporte logístico, financeiro ou operacional.
Redação Site